segunda-feira, 12 de abril de 2010

O JARDIM CONTEMPORÂNEO

No jardim contemporâneo, os limites são alargados na criatividade e jogos entre a luz e a sombra, as cores fortes e neutras, com as dimensões e disposição dos exemplares vegetais e peças decorativas. A liberdade neste estilo de jardim nasce da ausência de regras que tão bem definem os demais já realizados pela equipa da Natureza Urbana.
Os materiais utilizados nas floreiras e recipientes que receberam as plantas, procuraram criar um efeito possante que o brilho causa através reflexo da luz solar, assumindo a característica soalheira de todo este terraço. Grês e zinco são os materiais predominantes.
Neste último andar com o bulício da cidade a seus pés, a combinação de espécies exóticas de formas estilizadas complementam as peças decorativas de tom contemporâneo, enquanto que a escolha de exemplares mediterrânicos, em particular árvores de fruto, pretende definir as estações ao longo do ano.

E são os pés das pereiras que floriram nos primeiros dias de Março, o motivo das emoções. O espanto dos ramos cobertos de flores deram, agora lugar aos frutos que mais tarde irei colher.
Um trabalho projectado e realizado em 2009, mantém-se vivo e sustentável atraindo insectos e pássaros que provam como é possível devolver à cidade o ecossistema rural que outrva já conheceu.
Este trabalho foi projectado num 7º andar recuado num prédio urbano, com um pequeno terraço que lembra uma açoteia algarvia. A sua extrema exposição ao vento de noroeste e norte, levou a abrigá-lo para maior uso durante todo o ano por parte dos proprietários. As espécies vegetais escolhidas são de fácil manutenção e adaptadas às condições mais rigorosas como a desidratação e o calor excessivos de Verão, a intensa radiação do sol de Inverno, o frio e as correntes de vento de norte.
No jardim contemporâneo há uma maior liberdade e plasticidade na reorganização do espaço sem colidir com quaisquer regras estilísticas que definem outros estilos apresentados. As cores e os contrastes, os jogos de luz e sombras, as formas e as dimensões permitem assinar cada jardim como único.
Cada forma vegetal tem uma voz no jardim, os recortes e as silhuetas promovem na imaginação de quem as vê, um conto, uma história, uma versão para ajudar a inspirar o dia.
Lisboa tem um céu tão único como eu jamais vi. Lisboa tem uma luz que só se sente em Lisboa. São os princípios que estimulam a minha vontade de criar, em pequenos locais, espaços verdes preenchidos de harmonia.
O chão foi pintado de branco e enquanto me divertia a cobri-lo por completo levei a tinta a subir paredes, esteiras, resguardos, chaminés, degraus e tudo o que pudesse ver imaculado. Assim sentia uma leveza no espaço, ampliado e restituído ao bem estar. E mesmo de olhos bem fechados posso contemplar o brilho da luz que reflecte um poderoso céu azul de Lisboa.